quarta-feira, 25 de abril de 2012

XXII - É agora ou nunca!


Quando me dei conta, já estava na porta da casa do Rick; Me dotei de coragem e não me esqueci de acrescentar uma pitada extra dela, então sem pensar em formalidades fui entrando sem rodeios, e quando cheguei na sala, gritei por ele:
- Lars Persy!


E para o meu espanto total, e digo, total mesmo, ele apareceu.
Entendam, eu não fiquei espantada por ele ter aparecido assim que o chamei, claro que não! Era o mínimo que eu poderia esperar, o que quero dizer é que, bom... lá vai! Persy estava sem camisa.
Então vocês vão dizer:
 -“Ah, que bobagem! Pelo drama, esperávamos que ele estivesse sangrando ou nu”


Mas, o fato é que, meu Deus! Ele estava muito, muito sexy! E eu fiquei completamente perdida olhando para o abdômen dele, e para tudo que era permitido olhar naquele instante, e devo admitir também que perdi muito tempo olhando para o caminhozinho de pelos que o Persy cultivava no ventre.
 Tracei algumas vezes com o olhar o caminhozinho, do umbigo atééé o seu limite, que por conta da roupa acabava no elástico da cueca, mas com certeza ali não era o fim da linha, conseguem seguir o meu raciocínio?


E fiquei zanzando com os meus olhos por ali, até que fui nocauteada pelo cheiro gostoso de sabonete, que sequenciou a sua aparição divina, denunciando que ele acabara de sair do banho, que cheiro era aquele? Erva Cidreira? Quem se importaria com esse pequeno detalhe, tendo toda aquela visão para ser apreciada?


- Justine! – Exclamou ele alarmado, me tirando do reino das fantasias picantes, e por conta disso eu quase o odiei, mas seria um pecado odiá-lo, não é mesmo? – Eu, eu... estava indo até a secadora pegar uma camiseta, me desculpe, não sabia que você já estava aqui! – Completou então, todo cheio de pudor, sem saber se continuava a caminhada até a secadora, ou se dava meia volta e entrava no quarto.
O seu jeito tímido fez com que eu me perguntasse:
“Será que eu sou realmente a primeira a ver parte do seu conteúdo sem ter uma malha estragando a visão?”
 Ah, eu fiquei excitadíssima com a possibilidade!


Tanto que até me esqueci, por um breve momento, de reagir a ele:
- Ah, relaxa! Já vi muitos homens sem camisa... claro que nenhum assim, parecido com você... a propósito, você está em forma, hein?!  hehehe

Certo, meu comentário o deixou mais sem graça do que ele já estava, e eu também poderia ter dito qualquer outra coisa, mas vocês acham mesmo que eu estava em condições de pensar? É claro que... não!


Por via das dúvidas Persy acabou voltando para o quarto, e reapareceu segundos depois com uma regatinha básica, só para acabar com a minha festa - ou, talvez, ele estivesse com medo de ser agarrado - pelo menos o braço estava descoberto, e vamos combinar, apesar dele ser frágil, que braço ele tem!


E enquanto vinha ao meu encontro, ele foi logo se explicando:
- Eu estava praticando um pouco de esteira quando você me ligou, então, me apressei para o banho... e quase que você me pega desprevenido - As bochechas dele ficaram vermelhinhas, e eu quase me chicoteei em praça pública por ter perdido a oportunidade.


- Que bom que você veio, Justine, estava começando a achar que nunca mais falaria comigo.
- E por que eu faria isso?
- Por que eu fiz algo terrível, não fiz?
- Não, Persy, EU fiz algo terrível.
- E o que você fez? - Ele entortou a cabeça para o lado esquerdo.


- Olha, você disse ao telefone que precisávamos esclarecer as coisas, não foi?
- Foi. - Simplificou ele.
- Então, é isso que deve ser feito. Vamos conversar como dois adultos... e colocar os pingos nos is, porque, Persy... eu estou me remoendo em culpa por muita coisa.
- Eu também estou.
- Ótimo, então acho melhor irmos direto ao assunto, quem começa, eu ou você?


Ele fez questão de que as coisas começassem por ele, mas quase entrei em luta corporal para ser a primeira, só não fiz isso por medo de machucá-lo, e me arrependi por ter dado opção. Por fim eu acabei ganhando e ele me deu a vez.


- Eu fui uma pessoa egoísta, muito egoísta... estive pensando em mim o tempo todo, não pensei em você e nos seus sentimentos em nenhum momento, mas,  foi só depois de você ter me dito algumas coisas naquela noite, que eu enxerguei o quanto estava sendo hipócrita... e eu me senti muito mal com tudo aquilo.
- Do que você está falando exatamente? - Perguntou ele, um tanto confuso.


- Você me pediu sinceridade não foi? Esclarecimentos e tudo mais... Persy, não é possível que você seja tão inocente ao ponto de não saber sobre o que eu estou falando... ah, meu Deus! Eu vou me crucificar se eu estiver falando merda, eu deveria ter deixado você começar... eu nem sei mais o que pensar agora, você tirou todo o meu foco!


- Estou com muita vontade de te beijar, Justine.
Placar da sinceridade sem rodeios - Persy 1 x 0 Justine .
- Eu também... estou louca de vontade! - Respondi atordoada, pela sensação única de saber que estávamos no mesmo barco.
- Mas, de repente, me pareceu tudo tão errado, você... eu...
- E o Rick?
- É, o Rick!


- A evolução dos fatos me deixavam muito eufórico – esperei a palavra excitado, mas... – queria te ver, queria conversar com você, e ao mesmo tempo... era inevitável não pensar no Rick, e... eu sou tão inexperiente nesse assunto, você sabe – Na verdade fiquei em dúvida, inexperiente em qual assunto? Virgindade ou relacionamentos? Entretanto, deixei ele se explicar - e quando ia dormir, ficava remoendo o quanto estava agindo de forma errada e vergonhosa com o meu primo, que me hospedou, confiou em mim, te deixou passar os dias comigo.


- Me sentia tão sujo ao mesmo tempo que, não podia evitar o sentimento que só crescia. Então, eu quis fugir, Juss, e eu consegui... mas, depois veio toda aquela frustração, porque eu continuo querendo muito estar com você.

  Own, me desculpem, mas ele não é a coisa mais fofa do mundo?! Não sei pra vocês, mas pra mim, ele é!


- Eu sei exatamente como você se sente, Persy, eu não estou me sentindo de outra maneira que não seja igual, porém... sabemos o tamanho do erro, e eu consigo ver um pouco além disso, não sou mulher suficiente pra você.
- Você é! - Afirmou ele, com veemência - é claro que você é!
- Não, eu não sou... – Protestei em seguida.
- Ah, para com isso, Justine, qual é?


- Persy, veja... você tem que arrumar alguém com méritos suficientes para você, entende? Alguém que esteja a sua altura. - Expliquei a ele, tentando ignorar o nó repentino na minha garganta.
- E que altura é essa? Um altar seria apropriado pra você? – Ele rebateu a minha explicação, num tom furioso.


- Persy, eu não quero estragar a sua vida, pode parecer que eu não dou a mínima para as coisas, mas realmente estou procurando te preservar.
- Então, eu comprovo mais uma vez.
- Comprova o quê?
- Você não quer ficar comigo... porque eu nunca, huum, porque eu sou... hããm, virgem...

 Onde paramos mesmo? Ah sim! Placar da sinceridade sem rodeios: Persy 2 x 0 Justine, vamos lá, Justine!



- Não viaja!!! - Tratei logo de me livrar da acusação.
- E é pior! Você está bancando a super protetora, me tratando como se eu fosse um babaca! Eu te disse que me preocupava o fato de você me achar tão perfeito, simplesmente porque eu não sou! Pois, se eu fosse perfeito, teria feito minhas malas e ido embora no dia em que fomos apresentados.
- Ah, é mesmo? - Ironizei - E por que, hein? Se arrepende de ter me conhecido?!
- Ahhhh, Justine, o que você quer? Uma massagem para o seu ego?
Opa, essa frase era minha, mas como foi o Persy quem a pegou emprestado, eu relevei.
- Não, Persy, eu só quero que você diga!
- Por que era evidente... que chegaríamos nessa situação.

 Adoro quando ele é direto.


- Então, me ajude! Já que você está disposto a tanto... me diga, o que faremos? 
- Eu não sei. Pra falar a verdade, a única coisa que me preocupa é estragar o seu relacionamento, pois sequer posso te garantir que nos veremos quando eu tiver de partir, por causa do meu trabalho, entende? - Disse ele, tristonho. 
- Eu entendo, e bom... eu garanto a minha parte, mas, e você? Como vai ficar quando o Rick chegar? Estamos dentro de uma zona de perigo, você sabe! 



- Não estou dando a mínima para o que vai acontecer comigo depois, e é claro que sei, Juss... estou dentro dessa zona já tem um tempo - Completou ele, por entre dentes, dando passos furtivos em minha direção. 
Evidentemente meu coração resolveu se aboletar em lugares onde ele não deveria ir, entre a garganta e o estômago, ou até mesmo na minha boca e na sola dos meus pés, uma sensação inexplicável de emoção, tesão, adrenalina e sei lá mais o que, tudo junto! E eu só pensei em uma coisa naquele instante:
"Justine, é agora ou nunca!"

domingo, 22 de abril de 2012

XXI - Quebrando as regras


Passava do décimo segundo dia que eu não tinha contato com o Persy, quando me lembrei do pedido do Rick; Que eu tinha que aparecer vez ou outra, para que o primo não ficasse em completa solidão.


Oras! O Persy é crescidinho o suficiente para pelo menos pegar o telefone e fazer uma ligação, caso viesse a se sentir solitário, eu imagino, e se ele não estava me procurando, era porque ele ainda não tinha sentido necessidade de conversar com alguém, e continuava me evitando.


Mas, eu estava começando a sentir a falta dele, do seu jeitinho infantil e angelical, dos seus cílios enoooormes que destacavam tão bem a cor dos olhos verdes, da pele branquinha igual a de bebê, do cabelo preto caidinho na testa, e até mesmo dos pêlinhos ralos do seu braço.


E submersa nesses pensamentos, cheguei a conclusão de que eu era um monstro, desses bem grandes, estilo um ameaçador Kraken, apesar que eu estava mais para Erínia no momento, uma mistura bem maquiavélica de Tisífone com Megaira.
O que eu estava fazendo exatamente, o castigando por ter sido correto?


Me senti pior ainda ao imaginá-lo sozinho sem ninguém para conversar por tanto tempo, sentadinho no sofá de vime, esperando que alguma alma caridosa viesse ao seu encontro, disposta a fazer-lhe um afago.


Resolvi então quebrar toda essa bobagem de: “Vamos ver quem vai ganhar o prêmio eu sou o otário, pois cedi primeiro” e liguei.
Como era de se esperar ele demorou uma eternidade para atender o telefone, num ponto que eu quase desliguei, pois estava certa de que ele não iria me atender, então ouvi o clique do aparelho sendo puxado da base e meu coração, de repente, estava na boca.


Vale lembrar que todas as palavras me fugiram, e eu não fazia a menor idéia do que dizer a ele, por sorte, não era o mesmo caso do Persy:
- Alô? – Ouvir a sua voz fez com que minha pele se arrepiasse completamente, ah... como senti falta da sua voz, e nem tinha me dado conta disso.
- Oi, Persy! – Dei toda uma ênfase no cumprimento, com um jeito bem amável.
- Justine? – Oras, e quem mais o chamaria de Persy, sendo que ele mesmo havia confidenciado que eu era uma das poucas pessoas que o chamava assim?


- Sim, Justine... – Houve um silêncio enorme, e não pude imaginar o que aquele silêncio estava representando, felizmente ele foi quebrado:
- Oi! Como você está?! Não apareceu mais.
- Estou bem, e você? – Tentei evitar a todo custo o restante da frase.


- Hum, na medida do possível, estou bem... mas, receio ter feito algo que por algum motivo te chateou, fiz?
 Adorava toda a sinceridade dele, e a inocência bom, era o seu maior atrativo com certeza, não que ele não fosse bonito o suficiente para que as pessoas se apaixonassem por ele rapidamente, mas no meu ponto de vista, a inocência ainda era a estrela do seu currículo.
 Entretanto, naquele momento, eu odiei que ele fosse tão inocente e sincero, o telefone não era exatamente o lugar apropriado para conversarmos sobre esse tipo de coisa, e... enfim...


- Oh! Persy... não, não... você não fez nada! Entenda, eu estive muito ocupada por esses dias... – Eu estava me odiando agora por estar começando uma mentira que eu não sabia onde iria acabar, mas o Persy, bom, ele me cortou bonito:
- Não precisa me encher de desculpas, Justine... não sou idiota, não deveria ter tocado em alguns assuntos, mas acabei atropelando tudo, eu gostaria de poder me explicar.


- Persy, Persy! Para com isso, me escuta...
- Só acho que deveríamos esclarecer as coisas... acho que é a maneira mais saudável e adulta para chegarmos em algum lugar, ou pelo menos tentar.
 Aquilo me quebrou as pernas, eu posso jurar que me senti diminuindo aos poucos, conforme cada palavra dita por ele atravessava o aparelho como uma pedrada na minha testa.


Rapidamente eu decidi que seriamos adultos - como ele mesmo tinha sugerido - iríamos encarar os fatos, e seria naquele momento:
- O que você está fazendo agora?
- Nada de especial. - Rebateu ele, imediatamente.
- Posso passar ai?
- É claro que sim.
- Certo, em meia hora estarei ai.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

XX - Causa Mortis: Arrependimento


E eu fui correndo.
Contei a minha amiga toda a trajetória surreal da minha minúscula história com o Persy; e por um bom tempo Lola acompanhou tudo calada. Porém, na parte em que eu contei que o Persy era virgem, bom... me arrependi quase que instantaneamente, e vocês vão saber o porque:
- E, Lola, o pior mesmo, é que... além de tudo, ele é virgem.
 Silêncio sepulcral, por vários instantes, busquei em seu rosto alguma má reação, algo como um julgamento: “Ah, fala sério?! Ele é um matuto!” Mas, para o meu espanto, e logo para a o meu arrependimento maior, Lola demonstrou um grande interesse no assunto.


E de uma frase para a outra ela chegou num nível de intimidade que eu quase não pude suportar:
- É mesmo?
- Hããã, sim...
- Então, o Persy é virgem de tudo?
Tive que trincar os dentes para não corrigi-la: “hei! Persy não, pra você, e todas as outras mulheres do mundo, Lars” mas fiquei na minha, contra a minha vontade, é claro, e respondi meio a contragosto:
- Ele já namorou algumas garotas... mas não se aprofundou nos relacionamentos.


- E me diz, Jussy, ele é bonitão mesmo como você disse, ou... você só quis me deixar com vontade de conhecê-lo?
Mas que audácia a da Lola!!!
Será que ela não captou em nenhuma das minhas frases nas últimas duas horas que eu estava muito, muito interessada na figura do Persy? Quero dizer, ela não deveria estar falando para mim que está com vontade de conhecê-lo por ele ser bonito, não é de bom grado você dizer para a sua amiga que está afim de conhecer o cara que ela está afim, não é?


- Ele é bonito sim, Lola, quem dera não fosse... quem sabe eu estaria menos tentada a ultrapassar a barreira da amizade me arriscando a perder tudo. – Respondi a ela, com a intenção de lhe clarear as idéias, tentando cuidar do meu recém demarcado território.
 - Hum, mas e o Rick? – Ela perguntou, sobrancelhas arqueadas, aquilo era um desafio... nós mulheres sabemos quando estamos diante de um desafio.
- Bom... ele não tem nada a ver com isso, o Rick está em um lugar e o Persy em outro, eles não se misturaram dentro de mim, sei muito bem o lugar dos dois.


Então ela resolveu ser mais ousada, e é lógico que seria:
 - Justine, você não pode manter o Persy – É, Lars! Você nem o conhece para chamá-lo de Persy, pra você é Lars! – em uma redoma de vidro, você namora o Rick, e... o Persy está sozinho, solteiro...
- Aonde você está querendo chegar com isso? - Cortei todo o discurso que ela estava com muita vontade de fazer, de uma maneira quase ameaçadora.


-  Justine! Você namora o Rick, não tem a menor intenção de abrir mão do seu relacionamento, ainda que esteja com vontade de ficar com o Persy, mas tem ciência de que é impossível que role algo entre vocês, então é muito, muito claro que você deve deixar o Persy de lado, e focar no seu relacionamento com o Rick que é a sua prioridade, estou errada?


Não, ela não estava. Mas o que estava me deixando irritada era a forma como ela estava tentando conduzir as coisas, meio que tentando desesperadamente tirar o meu foco do Persy, e Deus, eu odiava conhecê-la tão bem! Era evidente que ela estava disposta a saber se o Persy era do tipo que valia a pena perder tempo e apostar alto, o pior é que eu sabia que se ela o conhecesse, iria apostar tudo o que tinha no relacionamento dos dois, e o fato dele ser virgem, aquilo realmente fez dele, de repente, um tesouro precioso, quase exposto no meio da praça de Bridgeport, prestes a ser descoberto.


Pensando bem, e chegando rapidamente ao fundo de tudo isso, o Persy era exatamente o cara que Lola esperava aparecer em sua vida, na verdade ele é o príncipe de qualquer mulher, e eu nem podia descartar a hipótese de que um dia ele poderia aparecer montado num belo cavalo puro-sangue para levá-la com ele. Aquilo me doeu, me fez sentir náuseas, eu não queria que Lola fosse o amor do Persy, eu amava a minha amiga, mas... não a ponto de entregar-lhe o Persy assim, entretanto o que eu poderia fazer? Ela estava coberta de razão ao dizer que eu não deveria tentar mantê-lo em uma redoma de vidro, mas era essa exatamente a vontade que eu tinha.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

XIX - Uma maravilhosa amizade!


Se eu disser que as coisas ficaram ótimas no dia seguinte, e que tudo o que eu e Persy passamos na madrugada anterior tinha ficado no passado, e havia se resolvido como em um passe de mágica, dando lugar a apenas a uma maravilhosa amizade, vocês iriam acreditar?
Acho que não.
Porque era evidente, era claro e lógico que as coisas não aconteceram dessa forma. Eu me sentia quebrada, mesmo sem ter um porque, existia um porque, mas eu não deveria me sentir assim, não é verdade?


Eu estive agindo de forma errada com o Persy, e era horrível eu ter tanta consciência de que passava muitas vezes na minha cabeça a hipótese considerável de trair o Rick com o próprio primo, entretanto, me sentia pior ainda por estar lidando tão bem com a situação, por ter feito planos, e não me sentir exatamente culpada, ou leviana, apesar de querer muitas vezes me sentir assim... não conseguia, eu me sentia muito pior por pensar no lado do Persy, por exemplo.


Persy era um anjo, um território intocado, que eu estava louquinha pra desvendar, ao mesmo tempo que eu imaginava que ele merecia alguém que tivesse todas as qualidades que eu não tinha, e que pudesse dar a ele o amor que ele estava esperando acontecer em sua vida. Era uma via de mão dupla, estava louca pelo Persy, mas sabia que eu não poderia ser aquela quem ele estava esperando; Além do mais eu não posso dizer que tinha um amor incomensurável pelo Rick, mas estávamos juntos há bastante tempo, e eu esperava realmente que as coisas acontecessem entre nós, quero dizer, o casamento e os filhos, tirando que eu me sentia segura ao seu lado... o que é contraditório não é? Pois estava muito disposta a traí-lo com o Persy.

Mas vejam bem, o Persy é uma exceção e tanto, não era nada parecido com os homens que encontramos por ai, não era mesmo. E poxa, de repente eu estava ficando meio pirada em todo esse lance de Persy e Rick, Rick e Persy, precisava parar a minha vida e rever os últimos dias, as últimas reprises de sensações e tudo mais.


E como era de se esperar, o meu lance com o Persy congelou, e congelou tanto que ele sequer me ligou para fazer algum dos nossos programas, fiquei completamente sem graça de ter que fazer o papel de ligar, se bem nem tinha um motivo plausível para esperar por uma ligação, já que todos os dias esse passo era dado por mim, porque ele respeitava muito o meu sono, entendem? Por eu trabalhar a noite etc... etc.


Então, nessa parte eu gosto de imaginar que ele ficava ao lado do telefone por toda a manhã, esperando que o aparelho tocasse, é claro que ele não deveria fazer isso, só estou tentando me achar importante ao ponto dele esperar a minha ligação completamente aflito, e de preferência devorando um pote de sorvete; Assim como nós mulheres fazemos quando estamos nessa situação, esperando o telefone tocar.


Pois bem, era isso que eu queria que acontecesse, mas sei que não era tão importante assim, pois algumas vezes ele demorava muito para atender o telefone.


O fato é que o telefonema não aconteceu naquele dia em questão, e nem nos outros, huuum... oito dias que se seguiram.
Comecei a ficar muito preocupada lá pelo quinto dia, achei que ele pudesse, sei lá, ter sofrido um acidente, ou se afogado na hidromassagem, e isso mexeu tanto comigo que algumas noites depois, antes de ir trabalhar, paguei um táxi só para dar a volta na rua e ver se existia algum resquício de humanidade por lá.


Bom, houve um alívio muito grande quando vi algumas luzes acesas, mas também teve todo um lado de decepção por saber que ele estava vivo e que ele estava me evitando, e essa era mais pura e absoluta verdade.


De certa forma, eu tinha que admitir, o Persy estava mais uma vez demonstrando o quão responsável, adulto e maduro ele era, tirando o fato dele não me ligar, isso eu considerei uma falta muito grande, afinal foi ele quem disse:
 - “Amigos por muito tempo!”, algo nesse gênero, e como levaríamos a nossa amizade por muito tempo, sendo que sequer andávamos nos falando?

 Felizmente, naquela semana, a minha escassez de amizades terminou.


Lola que tinha ido viajar - esqueci de comentar com vocês - voltou de sua viagem á Barnacle Bay, e ao contrário do Persy, não hesitou em me ligar assim que colocou os pés na sua cobertura:
- E ai, gatinha, como vai a vida?
- Na mesma, Lola... talvez, um pouco pior.
- Você e o Rick estão bem? E o Lars? Está por ai ainda, ou você já se livrou dele?
- Lola, a história é longa... que tal eu te fazer uma visita? Estou de saco cheio das paredes do meu apartamento.
- É só aparecer...