domingo, 25 de março de 2012

XIV - Zona de perigo


Os dias passavam rapidamente, e fomos nos tornando amigos na mesma proporção.
 Sempre que podia, arrumava um jeito de estar com o Persy, e passávamos a maioria das nossas tardes visitando os pontos turísticos de Bridgeport; Fomos ao mirante Bogaard, à praça central, ao Museu, ao mercado local...


Voltamos ainda algumas vezes à esplanada das borboletas, pois ele estava tentando convencer o cara que cuidava de lá a fazer doações de algumas espécimes de insetos para estudo.


É claro que Persy poderia fazer tudo sozinho, ele mesmo tinha dito na segunda manhã consecutiva em que liguei bancando a tia louca:
- E ai? Algum plano pra hoje?
- Alguns, mas... Justine, não precisa ficar me acompanhando, sei que você trabalha a noite... posso ir aos lugares sozinho, não precisa se preocupar.


- Não! Eu... eu faço questão, quero ir com você.

Posso jurar que após a minha afirmação ele estava rindo ao telefone, não que ele tenha dado na cara, nem ouvi nada abafado, só que, ficamos em silêncio absoluto por alguns segundos, até ele voltar a falar:
- O.k, hoje gostaria de ir no parque que tem uma piscina grande, sabe qual é?

E seguimos nessa linha, ele continuava não falando muito sobre a sua vida pessoal, mas as coisas mudariam dentro de um breve período.


Tínhamos passado o dia caminhando por lugares que eu não conhecia em Bridgeport, Persy queria recolher material para a sua coleção de pedras preciosas, ele até chegou a me mostrar umas fotos do celular em um outro momento, e digo... é uma coleção maravilhosa!


E após termos caminhado por horas,  fomos parar numa prainha que tinha toda a visão da baia de Bridgeport, um lugar incrível.


Persy estava me contando eufórico sobre uma outra parte de sua coleção - Que se não me falha a memória tem a ver com velharia relíquias muito antigas - quando ele suspendeu o assunto, e me questionou:
- O pôr do sol aqui deve ser incrível, será que você pode assisti-lo comigo sem que se atrase?
- Claro, Persy... será um prazer imensurável.


Naquela altura, estávamos começando a entrar numa zona de perigo, entendem o que quero dizer? Quando você se sente atraída por uma pessoa, mas, você não quer admitir e talvez nem possa - Como é o meu caso - e você sente de repente que é recíproco; Existem toques em algumas ocasiões, e estes toques chegam a dar choque, a palavra no duro, sem lapidação seria tesão, mas é horrível pensar na palavra tesão quando eu estava sentindo isso pelo Persy.


Eu continuava achando Persy inocente demais para sentir tesão, então vou usar a palavra atração, acho que é mais conveniente, enfim... estávamos nessa zona terrível de perigo, sensações adoráveis, vontade imensa de estar do lado, rir de coisas banais, querer conversar, conversar e conversar... por todo o tempo.


E quando eu olhava para ele, meu Deus, quantas vezes não desejei ser cega para não poder enxergá-lo? Mas talvez, ainda que eu fosse cega, correria sérios riscos de poder vê-lo por detrás da minha retina, tamanho era o brilho de sua aura.


Quando acontecia do meu olhar furtivamente cruzar com o dele, e dos nossos olhos ficarem por muito, muito tempo um dentro do outro... a impressão que eu tinha era que a qualquer momento o inevitável poderia acontecer, o inevitável que me refiro é perder a minha vergonha na cara, e roubar um beijo dele, ou quem sabe experimentar um pouco mais.


É claro que essas coisas ficavam na minha cabeça, e é claro que eu estava muito curiosa para saber como era o Persy sem roupas, também estava louquinha pra saber como era... o seu, hãm, como posso dizer a palavra sem que eu chegue a ofender os mais pudicos?
Membro, talvez?


Mas, eu não poderia fazer nada daquilo que eu estava com muita vontade, pois do outro lado do mundo, Rick estava com saudades de mim, sozinho e ouvindo chinês o tempo todo. Além do mais, ele tinha me deixado responsável pelo Persy, era óbvio que ele queria que nos déssemos bem, mas também era evidente que ele desejava muito mais que nos déssemos bem só até certo ponto.