Naquela noite fui trabalhar muito chateada com o Rick, por ele ter me exposto sem nenhuma necessidade na frente de terceiros.
Nunca tinha reclamado dos seus horários, nem de suas viagens que geralmente chegavam a durar duas semanas, e dependendo do lugar e do negócio chegavam a ultrapassar um mês, nunca tinha reclamado de nada - Apesar de odiar o emprego dele - e achava que isso era uma coisa muito boa para o nosso relacionamento, pois acreditava que mostrando respeito a profissão dele, ele respeitaria a minha também.
Claro que eu sabia que ele não gostava muito do negócio de eu ser mixóloga, mas entendam, não tinha muito a ver com horários e nem nada daquilo que ele falou na frente do Lars.
O que quero dizer é que ele morre de ciúmes de alguns caras abusados que frequentam as baladas - Esse foi um dos motivos verdadeiros que o fez abandonar a vida noturna completamente - Apesar de todo o papo de que ele não saia mais para dançar porque a sua carga horária tinha se tornado exaustiva demais, eu tinha plena consciência do real motivo.
Não o culpava por ter ciúmes, ah não! Pois também carregava algum dentro de mim - Em relação as muitas secretárias que ele diz ter, e que estão sempre penduradas no telefone com ele - Entretanto, tinha uma confiança absurda na nossa relação, então nunca perdi meu tempo encanando com isso.
Nas primeiras horas após o ocorrido, eu estava um pouco irada com a audácia do Rick, mas conforme a noite foi passando fui me acalmando, e quando a noite deu-se por encerrada já tinha voltado ao meu normal, pois não gosto de carregar pendências, e nem de ficar brava por muito tempo.
Me certifiquei que não tinha mais nenhum cliente, fechei o bar e fui direto para a minha casa, meu único desejo naquele instante era dormir e deixar o evento para trás, mas parece que em algum momento eu pensei demais no Rick, e tivemos uma espécie de conexão.
Pois assim que eu fechei a porta do meu apartamento o meu celular tocou, e eu o atendi quase que imediatamente:
- Oi, Rick.
- Oi, meu anjo... – Sussurrou ele, com voz de sono. – Queria te pedir desculpas... não queria brigar com você.
- Tá tudo bem, eu entendo.
- Não, é sério... me descontrolei à toa, e fui um babaca! Me desculpa, Jussy?
- Desculpo, Rick... eu sei que você não fez por mal, então pode relaxar... não estou mais brava com você.
- Ficou brava comigo? – Ele realmente pareceu surpreso.
- Fiquei, oras! Mas já passou.
- Ah, que bom... então – Ele bocejou – então posso dormir tranquilo.
- Pode, dorme bem.
- Você também, Jussy... Te ligo pela manhã.
