quinta-feira, 29 de março de 2012

XV - Zona de Perigo II


Felizmente o Persy, além de ser mais novo que eu, era mais responsável também... e sempre que eu me encontrava no ponto de mandar tudo as favas, ele quebrava o momento de uma maneira sutil, direcionando a minha atenção para outra coisa;
Naquela tarde foi o pôr do sol:
- Justine... veja, quando o sol parece tocar o oceano,  não dá a impressão de que ele se rompe em milhões de pedaços dourados que se espalham por toda a água?


- Nossa! Que tesão... – Eu me referi a ele, e a toda a sua explicação sobre um pôr do sol simplório; Mas tenho certeza de que ele absorveu a mensagem para o lado oposto, o lado da conotação não sexual.
Só por curiosidade, e por saudade de suas bochechas vermelhas eu olhei pra ele, e meu estômago congelou quando eu o vi sorrindo de forma explicita.
Até cheguei a achar que pela primeira vez ele tinha levado a palavra pro lado que eu queria, mas pensei só por um tempinho, pois ele rompeu a expectativa escondida atrás do silêncio:
- É, acho que essa é uma boa palavra pra definir o momento.


E tornou a olhar pro mar. Os olhos verdes do Persy estavam lindos! Bom, o que nele eu não estava achando lindo?
Se ele dissesse:
“Eu peido debaixo do edredom depois de uma foda bem dada, e ai? Você aguentaria dividir esse momento comigo, gostosa?!”
Eu acharia gracioso e angelical.


Quando escureceu, voltamos para o perímetro urbano, e nos despedimos com um abraço que eu posso dizer que foi saudoso, então seguimos para os nossos respectivos destinos.
Porém, antes de eu entrar no metrô, virei- me subitamente para ele que já havia iniciado a caminhada, e gritei:
- Persy!


Ele ficou imóvel por alguns instantes, e demorou alguns segundos para girar o corpo em minha direção, dando-me um tempo razoável para admirar sua bunda e panturrilha, além de tudo ele me parecia ser bem gostosinho:
- Oi? - Indagou ele, me tirando da inércia.


- O que você vai fazer após a meia noite?
- O de sempre. – Respondeu ele, enfadonho.
- Dormir? – Questionei-o, tentando parecer causal.
- Não, eu... ah, você não entenderia.
- Hum... então nos vemos amanhã – Disse eu, num tom muxoxo. Absorvendo sua resposta como um sonoro: “Não me enche! Vai trabalhar! Fazer um monte de bebida, deixar a clientela bem louca e depois, pelo amor de Deus!!! Vá pro seu apartamento e pare de pensar em mim, estou ficando louco!”


E iniciei uma meia volta para o metrô, assim como o Persy parecia iniciar suas passadas em direção a casa, felizmente ele estava sempre pronto para me surpreender:
- Hei – Eu parei no mesmo instante – O que você acha de pedirmos uma pizza?
- Combinado – Disse eu, muito mais animada - Te encontro mais tarde.