quarta-feira, 20 de junho de 2012

XXVII - Sabotagem



Estávamos eu e Rick arrasados quando o Lindíssimo Semideus intocado: Persy, fechou a porta em suas costas, com um sorriso satisfeito nos lábios, não sei dizer o motivo, mas tenho algumas sugestões: 
I – Ele estava feliz em me ver. 
II- Ele estava feliz por encontrar eu e Rick arrasados. 
III- Ele estava feliz por chegar em casa, e nos encontrar na sala arrasados, sendo que o natural de um casal que está há um mês sem se ver seria estar no quarto, balançando a cama. 
IV – Ele tinha alguma boa notícia em relação ao seu material. 
V – Todas as alternativas anteriores. 
VI – Nenhuma das alternativas anteriores. 
 - Oi gente! – Ele nos cumprimentou após um breve período de observação, e não é engraçado como até um cumprimento rotineiro, vindo de Persy torna-se gracioso e angelical? – Quais são as boas?



Rick foi o primeiro a desabafar:
- Acabo de descobrir que sou uma marionete.
Eu disse em sequência, gostando muito da linha de raciocínio do Ricardo:
- E eu acabo de descobrir que meu emprego na verdade deveria ser um hobby!
 Persy pendeu o pescoço levemente, ato que ele sempre fazia quando absorvia uma informação:
- Ah, isso é ruim. – Observou.

 

- Isso é péssimo. – Rebateu Rick, amuado.
 Eu não falei nada, por incrível que pareça.
- Quando descobrimos que o nosso lado profissional, está uma merda... sentimos uma frustração terrível, não é? - Perguntou Persy, juntando-se a nós.

 

Eu ia concordar, mas Rick tinha uma observação a fazer:
- Huum, então vocês passaram realmente algum tempo juntos...
Eu e Persy quase vomitamos de nervoso, pra falar a verdade eu quase vomitei, Persy parecia calmo quando indagou Rick:
- Por que está dizendo isso? – Rick respondeu quase que instantaneamente:
- Porque a Justine, está dizendo verdades doa a quem doer, e você, de repente, falar a palavra "merda", bom... isso não é natural de vocês.
- Ah – Persy sorriu – Nós passamos sim um tempo considerável juntos, Justine foi uma boa anfitriã.
- Que bom, fico realmente feliz que vocês não tenham se matado. - Finalizou Rick, com ar desconfiado.

 

Eu fiquei bem constrangida, mas consegui sorrir amigavelmente, e Persy, parecia um anjo no seu altarzinho, com o seu sorrisinho infantil; Certamente nem o aparelho detector de mentiras poderia denunciá-lo naquele instante, até eu que era cúmplice de nosso plano sacana, de repente me peguei pensando:
 “Será que sonhei com tudo aquilo? Veja o Persy, essa criança inocente não poderia fazer mal a uma mosca, quem dirá tentar passar a perna no primo afim de tirar um filé da namorada dele”

 

E tudo caminhava para a perfeição quando Rick - o filho da mãe - quis jogar com as nossas vidas, fazendo com que eu o odiasse mortalmente:
- E ai, Lars? A Jussy, não te levou pra dar uns roles na noite de Bridgeport?
 - Não, nós não saímos para passear de noite.
E ele nem ficou vermelho, que orgulho do meu menininho!

 

- Então, você está todo esse tempo sem... - O Rick fez um gesto horrível com a mão, aquele de afogar o ganso, sabem? E eu tive vontade de cortar a mão dele fora; Aquilo era quase um atentado ao pudor! O pior foi que ele não parou no gesto, pelo rosto pálido do Persy, Rick logo soube que ele não tinha chegado nem perto de praticar o ato, e então ele tinha mais coisas a dizer: 
- Não pode acumular não, meu camaradinha! Tem que se aliviar... pode dar um tumor no seu saco, você sabe, né? Isso foi comprovado cientificamente...

Deus! Eu estava suando bicas de vergonha, e o Persy... tenho certeza que suas mãozinhas estavam geladas e seu coraçãozinho disparado:
- Rick, para com isso... está deixando o Persy sem graça. – Tentei cortar o assunto, afim de preservar o Persy.

 

- Sem graça por quê?! – Indagou Rick, elevando a voz a muitos decibéis – Vergonha é não comer uma bela...
 - AAAHHHH – tive que berrar, ou o Persy teria um ataque cardíaco.
 - O que quê é isso? – Indagou Rick, no ato.
- Pelo amor de Deus, Rick, você pode filtrar o seu vocabulário?
- Ô Justine, aqui é papo de cuecas, estamos familiarizados com isso.
 - Mas eu estou aqui, e definitivamente não quero ouvir palavras desse tipo.
 Não que eu me importasse, estava preocupada apenas com o Persy.

 

- Que seja... então você não conseguiu se divertir, Lars? 
- Eu estive muito ocupado, Rick, infelizmente não tive tempo para diversão. 
- Tsc, papo furado, sempre temos tempo pra umazinha – Disse Rick, agora um pouco mais contido. 
- Mas leva-se um certo tempo até se ter intimidade com alguém, e... como não conheço ninguém em Bridgeport.




Então, houve um pequeno silêncio, e então Rick mais uma vez abriu a boca para falar... hãm, merda:
- Ô, Jussy... sabe quem combinaria perfeitamente com o Lars?
Senti uma forte dor no estômago - uma dor insuportável - pois sabia muito bem de quem Rick estava falando, mas dei de louca, quem sabe ele mudaria de idéia:
- Não, quem?
- A Lola... ela e o Lars iam se dar muito bem, Vejam L e L, já combinam nas iniciais do nome!
 - A Lola não chama Lola, Rick, ela chama Dolores.
- Está brincando? – Reagiu Rick, de queixo caído.
 - Não, não estou.
- Poxa, nunca poderia imaginar, ela tem cara de Lola.
 - É, realmente ela tem.

 

- Enfim, mas eles combinam bastante. – Disse Rick pra mim, e depois dirigiu-se ao Persy – Ela é uma mulher bonita, Lars... e muito interessante, é jornalista, viaja bastante, assim como você...

 Rick balançava a cabeça concordando com o que ele mesmo dizia, tipo como quem fala:
“É, os dois dariam um belo casal, que grande descoberta a minha!”
E intimamente posso até imaginar que ele estava esperando que alguém lhe entregasse o prêmio de cupido do ano.
 – O que vocês acham de convidar a Lola para o jantar? Quem sabe apresentando os dois, o Lars não tira o atraso ainda hoje!

 

Em seguida, perguntou ao Persy de forma preocupada:
 – Ainda não tá doendo?
 Persy sacudiu a cabeça, negativamente.