sexta-feira, 13 de abril de 2012

XIX - Uma maravilhosa amizade!


Se eu disser que as coisas ficaram ótimas no dia seguinte, e que tudo o que eu e Persy passamos na madrugada anterior tinha ficado no passado, e havia se resolvido como em um passe de mágica, dando lugar a apenas a uma maravilhosa amizade, vocês iriam acreditar?
Acho que não.
Porque era evidente, era claro e lógico que as coisas não aconteceram dessa forma. Eu me sentia quebrada, mesmo sem ter um porque, existia um porque, mas eu não deveria me sentir assim, não é verdade?


Eu estive agindo de forma errada com o Persy, e era horrível eu ter tanta consciência de que passava muitas vezes na minha cabeça a hipótese considerável de trair o Rick com o próprio primo, entretanto, me sentia pior ainda por estar lidando tão bem com a situação, por ter feito planos, e não me sentir exatamente culpada, ou leviana, apesar de querer muitas vezes me sentir assim... não conseguia, eu me sentia muito pior por pensar no lado do Persy, por exemplo.


Persy era um anjo, um território intocado, que eu estava louquinha pra desvendar, ao mesmo tempo que eu imaginava que ele merecia alguém que tivesse todas as qualidades que eu não tinha, e que pudesse dar a ele o amor que ele estava esperando acontecer em sua vida. Era uma via de mão dupla, estava louca pelo Persy, mas sabia que eu não poderia ser aquela quem ele estava esperando; Além do mais eu não posso dizer que tinha um amor incomensurável pelo Rick, mas estávamos juntos há bastante tempo, e eu esperava realmente que as coisas acontecessem entre nós, quero dizer, o casamento e os filhos, tirando que eu me sentia segura ao seu lado... o que é contraditório não é? Pois estava muito disposta a traí-lo com o Persy.

Mas vejam bem, o Persy é uma exceção e tanto, não era nada parecido com os homens que encontramos por ai, não era mesmo. E poxa, de repente eu estava ficando meio pirada em todo esse lance de Persy e Rick, Rick e Persy, precisava parar a minha vida e rever os últimos dias, as últimas reprises de sensações e tudo mais.


E como era de se esperar, o meu lance com o Persy congelou, e congelou tanto que ele sequer me ligou para fazer algum dos nossos programas, fiquei completamente sem graça de ter que fazer o papel de ligar, se bem nem tinha um motivo plausível para esperar por uma ligação, já que todos os dias esse passo era dado por mim, porque ele respeitava muito o meu sono, entendem? Por eu trabalhar a noite etc... etc.


Então, nessa parte eu gosto de imaginar que ele ficava ao lado do telefone por toda a manhã, esperando que o aparelho tocasse, é claro que ele não deveria fazer isso, só estou tentando me achar importante ao ponto dele esperar a minha ligação completamente aflito, e de preferência devorando um pote de sorvete; Assim como nós mulheres fazemos quando estamos nessa situação, esperando o telefone tocar.


Pois bem, era isso que eu queria que acontecesse, mas sei que não era tão importante assim, pois algumas vezes ele demorava muito para atender o telefone.


O fato é que o telefonema não aconteceu naquele dia em questão, e nem nos outros, huuum... oito dias que se seguiram.
Comecei a ficar muito preocupada lá pelo quinto dia, achei que ele pudesse, sei lá, ter sofrido um acidente, ou se afogado na hidromassagem, e isso mexeu tanto comigo que algumas noites depois, antes de ir trabalhar, paguei um táxi só para dar a volta na rua e ver se existia algum resquício de humanidade por lá.


Bom, houve um alívio muito grande quando vi algumas luzes acesas, mas também teve todo um lado de decepção por saber que ele estava vivo e que ele estava me evitando, e essa era mais pura e absoluta verdade.


De certa forma, eu tinha que admitir, o Persy estava mais uma vez demonstrando o quão responsável, adulto e maduro ele era, tirando o fato dele não me ligar, isso eu considerei uma falta muito grande, afinal foi ele quem disse:
 - “Amigos por muito tempo!”, algo nesse gênero, e como levaríamos a nossa amizade por muito tempo, sendo que sequer andávamos nos falando?

 Felizmente, naquela semana, a minha escassez de amizades terminou.


Lola que tinha ido viajar - esqueci de comentar com vocês - voltou de sua viagem á Barnacle Bay, e ao contrário do Persy, não hesitou em me ligar assim que colocou os pés na sua cobertura:
- E ai, gatinha, como vai a vida?
- Na mesma, Lola... talvez, um pouco pior.
- Você e o Rick estão bem? E o Lars? Está por ai ainda, ou você já se livrou dele?
- Lola, a história é longa... que tal eu te fazer uma visita? Estou de saco cheio das paredes do meu apartamento.
- É só aparecer...